Fernando González Rey


 

Fernando Luís González Rey (1949 – 2019) obteve seu Doutorado em Psicologia pelo Instituto de Psicologia Geral e Pedagógica de Moscou (1979) e alcançou o grau de Doutor em Ciências pelo Instituto de Psicologia da Acadêmica de Ciências da União Soviética (1987). Foi presidente da Sociedade de Psicólogos de Cuba (1986-1995), Diretor da Faculdade de Psicologia da Universidade de Havana (1985-1990) e Vice-Reitor desta mesma Universidade (1990-1995). No momento de seu falecimento, era Professor Titular e Pesquisador do Centro Universitário de Brasília, bem como Pesquisador Colaborador Sênior do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília, onde coordenava o Grupo de Pesquisa “A subjetividade na saúde e na educação”.  Pelo seu prestigio cientifico, foi convidado para ministrar cursos em diversas instituições de ensino e pesquisa em diferentes partes do mundo, tais como The London School of Economy (Londres, Reino Unido), École des Hautes Études en Sciences Sociales (Paris, França), Monash University (Melbourne, Austrália), City University of New York (Nova York, EUA), Universidad Autónoma de Madrid (Madri, Espanha), Universidad Autónoma de México (Cidade do México, México), Universidad de Valencia (Valência, Espanha), Universidad de Buenos Aires (Buenos Aires, Argentina), Universidad Interamericana de Puerto Rico (Porto Rico, EUA), Universidad Complutense (Madri, Espanha), Universidade de São Paulo (Ribeirão Preto, Brasil), Universidade de Brasília (Brasília, Brasil), entre outras. Sua obra abarca mais de 35 livros, 82 capítulos de livros, bem como 135 artigos científicos publicados em 5 idiomas (espanhol, português, inglês, russo e francês).

 

Seu aprofundamento em pesquisas sobre o tema da personalidade teve início em 1973, o qual compôs parte significativa de sua Tese de Doutorado em Psicologia defendida em 1979 no Instituto de Psicologia Geral e Pedagógico de Moscou. Esse trabalho teve a orientação de V. E. Chudnovski, colaborador de L. I. Bozhovich, diretora do Laboratório sobre o Estudo e Desenvolvimento da Personalidade no qual González Rey trabalhou. Mais especificamente, sua tese se apoia nos estudos desenvolvidos por ele em Cuba sobre o desenvolvimento dos ideais morais e as intenções profissionais em adolescentes e jovens cubanos.

Após a conclusão de sua Tese se Doutorado, González Rey continuou se aprofundando no desenvolvimento das questões teóricas e metodológicas implicadas no estudo da personalidade e estendeu suas pesquisas sobre esse tema às áreas da saúde, educação e desenvolvimento humano sob um prisma abrangente. Esses trabalhos o levam a aprofundar no conceito de comunicação e a criticar as limitações do conceito de atividade na forma com que havia sido tratado até os anos setenta do século XX pela Psicologia Soviética. O conjunto desses trabalhos lhe permitiu defender o grau de Doutor em Ciências (1987), título que constitui até hoje o grau máximo concedido no âmbito da ciência russa.

Suas primeiras publicações referem-se aos estudos que culminam em seu Doutorado em Psicologia: Motivación moral en adolescentes y jóvenes, Havana, Cuba, 1982; Algunas cuestiones metodológicas sobre el estúdio de la personalidade, Havana, Cuba, 1982; Motivación profesional en adolescentes y jóvenes, Havana, Cuba, 1983; e Psicología de la Personalidad, Havana, Cuba, 1985. Após o seu Doutorado em Ciências, já se expressa maior abrangência teórica em suas publicações, dentre as quais se destacam: Personalidad, salud y modo de vida, Universidade Central da Venezuela, 1989 e Universidade Autônoma do México, 1993; La personalidad: su educación y desarrollo (em co-autoria com A. Mitjáns Martinez), Havana, Cuba, 1989; Psicología: princípios y categorías, Havana, Cuba, 1989; Problemas Epistemológicos de la psicología, Colégio de Ciências Sociais da Universidade Autônoma do México, 1993; Psicologia Humanista: Actualidad y Desarrollo, Havana, Cuba.1994 (em co-autoria com H. Valdés); e Personalidad, Comunicación y Desarrollo, Havana, Cuba, 1995.

 

Como resultado de sua participação ativa no Movimento da Psicologia Social Crítica na América Latina no início da década de 1980, González Rey aprofundou seus interesses na Psicologia Social e destacou a importância dos conceitos de sujeito e subjetividade para a Psicologia Social. Deste momento, datam seus capítulos em obras coletivas da Psicologia Social e Política latino-americana, compartilhadas com importantes autores do continente, tais como Ignácio Martin Baró, Maritza Montero, Bernardo Jiménez e Jose Miguel Salazar. A repercussão de seus trabalhos culminou em sua laureação como Prêmio Interamericano de Psicologia em 1991.

 

Em 1995, chega ao Brasil como Professor Visitante do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, permanecendo nesta instituição até o ano 2000. Desde esse ano até seu falecimento, foi Professor Titular do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), onde liderou a linha de pesquisa Psicologia e Saúde, bem como orientou  trabalhos de conclusão do curso de Graduação, de iniciação científica e Dissertações de Mestrado Acadêmico. Desde 2010, foi Pesquisador Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Educação da mesma Universidade, onde coordenou o grupo “A subjetividade na saúde e na educação” e orientou diversos trabalhos de mestrado e doutorado.

 

Em 1997, entrou em um novo momento de seu trabalho, centrando-se nas consequências de seus trabalhos anteriores para o desenvolvimento de uma Teoria da Subjetividade em uma perspectiva cultural-histórica. O primeiro livro nessa direção foi publicado simultaneamente em São Paulo e em Havana: Epistemologia Cualitativa y Subjetividad (Editoras EDUC e Pueblo y Educación, respectivamente, no ano de 1997).  

 

O novo momento no estudo da subjetividade implicou um novo conjunto de obras onde se expressou uma permanente articulação entre o teórico, o epistemológico e o metodológico. As áreas de pesquisa se ampliaram, de modo a aparecer importantes diálogos com a Teoria das Representações Sociais, assim como novos campos de reflexão teórica e de pesquisa em relação aos temas da psicoterapia, da psicologia social e da saúde. Neste período, o livro Sujeto y subjetividad: una aproximación histórico-cultural, publicado no México (Thomson 2002) e no Brasil em português (Thomson, 2003), avançou sobre os conceitos básicos desta proposta teórica sobre a subjetividade. 

 

Nas duas últimas décadas, González Rey aprofundou suas concepções teóricas, epistemológicas e metodológicas, bem como ampliou suas áreas de interesse, de modo a evidenciar o valor heurístico da Teoria da Subjetividade em diferentes campos. Expressão disso são seus livros O Social na Psicologia e a Psicologia Social (Vozes, 2004), Pesquisa Qualitativa e Subjetividade: os processos de construção da Informação  (Cengage Learning, 2005), Psicoterapia, Subjetividade e Pós-Modernidade: uma aproximação histórico-cultural (Thomson Learning, 2007), Subjetividade e Saúde: superando a clínica da patologia (Cortez, 2011), bem como Subjetividade: teoria, epistemologia e método (Alínea, 2017) e Psicologia, Educação e Aprendizagem Escolar: avançando na contribuição da leitura cultural-histórica (Cortez, 2017), em coautoria com A. Mitjáns Martínez.

Além da Teoria da Subjetividade e da Epistemologia Qualitativa, seus aportes científicos mais significativos, González Rey também se dedicou a fazer uma análise reflexiva e crítica  da obra de L. Vygotsky, assim como de posições dominantes na perspectiva histórico-cultural na Psicologia Soviética e da forma em que elas foram assumidas no Ocidente. Junto a diversos artigos publicados sobre esse tema, destaca-se seu livro El Pensamiento de Vigotsky: Contradicciones, Desdoblamientos y Desarrollo, publicado em 2011no México pela Editora Trillas e traduzido e publicado em português em 2013 pela Editora Hucitec.

Como resultado  de seu produtivo diálogo internacional, a partir de sua participação como conferencista em importantes eventos internacionais e essencialmente a partir de suas publicações  em língua inglesa, que muito cresceram a partir de 2010,  foi organizador  e autor de três obras que formam parte da série Perspectives in Cultural-Historical  Research da Editora Springer, série da qual também foi editor até seu falecimento:  Perezhivanie, Emotions and Subjectivity: Advancing Vygotsky's Legacy (2017), Subjectivity Within Cultural-historical Perspective: Theory, Methodology and Research (2019) e Cultural-Historical and Critical Psychology. Common Ground, Divergences and Future Pathways.

CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/8317820386729646

 

Índice-H: https://scholar.google.com.br/citations?user=VdF8560AAAAJ&hl=pt-BR&safe=strict

(Obs.: O Índice-H é um importante indicador de qualidade e relevância na produção científica)

 

 

 

 

 

 

Albertina Mitjáns Martínez


 

 

Albertina Mitjáns Martínez formou-se como psicóloga na Universidade da Havana no ano 1971 e obteve o título de Doutora em Ciências Psicológicas na mesma universidade em 1993. Fez cursos de pós-graduação na Universidade de Moscou nos anos 1983 e 1984 e estágio de pós-doutorado na Universidade Autônoma de Madri em 2007. Foi professora da Faculdade de Psicologia da Universidade da Havana no período de 1972 até 1999 atingindo a categoria de Professor Titular. Foi Diretora dessa Faculdade nos períodos de 1979 até 1987 e de 1991 até 1995 e Vice-reitora da Universidade da Havana de 1987 até 1991. 

 

Foi membro da Junta Diretiva da Sociedade de Psicólogos de Cuba de 1986 até 1999. Em 1995 foi convidada pelo Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília - UnB como Professora Visitante, trabalhando como tal até 1999. Em 2002 começou a trabalhar como membro efetivo do quadro docente da Faculdade de Educação da UnB até sua aposentadoria, em 2015. Atualmente é pesquisadora colaboradora da UnB e docente do Programa de pós-graduação em Educação onde coordena o grupo de pesquisa Criatividade e inovação na perspectiva cultural-histórica da subjetividade assim como professora colaboradora da Especialização em Psicopedagogia Clínica da Universidade de Buenos Aires, Argentina.

 

No Brasil também trabalhou como membro do corpo docente efetivo do Centro Universitário de Brasília - UniCEUB (de 1999 até 2002), da Universidade Católica de Brasília - UCB (de 2000 até 2001) e do Instituto de Educação Superior de Brasília - IESB (de 1999 até 2002). Tem ministrado cursos e palestras a convite de mais de 30 instituições acadêmicas da América Latina e Espanha. Destacam-se as seguintes: Universidade Autônoma de Madri, Universidade de Barcelona, Universidade Autônoma do México, Universidade de Buenos Aires, Universidade de Porto Rico, Universidade Central da Venezuela, Universidade Central do Equador, Universidade de San Carlos da Guatemala, Universidade de San Marcos em Lima, Perú e ICESI (Cali, Colômbia).

Tem realizado trabalhos de assessoria e consultoria nos temas de formação e desenvolvimento de equipes de trabalho, criatividade organizacional e inovação educativa em diversas instituições, entre elas o Banco de Brasil, SERPRO e escolas de ensino fundamental e médio. Tem prestado serviços técnicos a instituições de caráter nacional como o Conselho Federal de Psicologia - CFP e a Federação Nacional de Pais e Amigos dos Excepcionais - FENAPAE. Coordenou a equipe Brasileira do Projeto de cooperação científica entre Brasil e Argentina financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o Ministério da Ciência e Tecnologia da Argentina (MINCyt) intitulado O sujeito que aprende na Época Atual: processos de subjetivação na aprendizagem escolar e no uso de novas tecnologias. Coordenou também a equipe brasileira do Projeto de criação do Mestrado Iberoamericano em Criatividade Aplicada financiado pela Agência Internacional de Colaboração da Espanha.

 

É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq desde 2007 e líder do Grupo de Pesquisa do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq Aprendizagem, escolarização e desenvolvimento humano desde 2002.

 

Suas principais pesquisas referem-se às áreas de criatividade, subjetividade, aprendizagem, educação e psicologia escolar em uma perspectiva cultural–histórica, destacando-se três direções de trabalho: criatividade e inovação na perspectiva da subjetividade, subjetividade e aprendizagem e subjetividade, deficiência e inclusão escolar.

 

Albertina começou a desenvolver seus interesses científicos pelos temas de psicologia e educação a partir de seu trabalho como professora de física do ensino secundário e médio em 1966 e 1967. Interessou-se inicialmente pelo estudo do pensamento, especialmente pelo processo de solução de problemas e pelo pensamento criativo. A convicção de que esses processos não poderiam ser compreendidos fora de um sistema mais amplo a aproximou ao estudo da personalidade e à criatividade numa perspectiva mais ampla, o que deu origem aos seus primeiros artigos.

 

Sua tese de doutorado Creatividad y Personalidad: implicaciones metodológicas e educativas foi já a expressão de um posicionamento próprio sobre a criatividade desde uma perspectiva cultural-histórica, ideias que continuou elaborando a partir do desenvolvimento da Teoria da Subjetividade de González Rey e que hoje constituem o aspecto central de sua produção teórica.  

 

Entre outras muitas publicações é autora do livro Criatividade, Personalidade e Educação (1995) derivado de sua tese de doutorado, assim como dos livros La personalidade: su educación y desarrollo (1989) e Psicologia, Educação e Aprendizagem Escolar: avançando na contribuição da leitura cultural-histórica (2017) em trabalho conjunto com González Rey. Também é organizadora e autora das obras Pensar y Crear: estrategias programas y métodos (1995), Psicologia Escolar e Compromisso Social: novos discursos, novas práticas (2005), O Outro no Desenvolvimento Humano: diálogos para a pesquisa e a prática profissional em Psicologia (2004), Creatividad: un bien cultural de la humanidad (2008), A Complexidade da Aprendizagem: destaque ao ensino superior (2009), Possibilidades de Aprendizagem: ações pedagógicas para alunos com dificuldade e deficiência (2011), Ensino e Aprendizagem: a subjetividade em foco (2012), Criatividade e inovação nas Organizações: desafios para a competitividade (2013), Subjetividad y Aprendizaje (2014), O Sujeito que Aprende: diálogos entre a psicanálise e o enfoque histórico–cultural (2014) e Subjetividade Contemporânea: discussões epistemológica e metodológicas (2014).

 

Índice H: https://scholar.google.com.br/citations?hl=pt-BR&user=YyBKZ1MAAAAJ

(Obs.: O Índice-H é um importante indicador de qualidade e relevância na produção científica)